Reencarnação é uma ideia central de diversos sistemas filosóficos e religiosos, segundo a qual uma porção do Ser é capaz de subsistir à morte do corpo. Chamada consciência, espírito ou alma, essa porção seria capaz de ligar-se sucessivamente a diversos corpos para a consecução de um fim específico, como o auto-aperfeiçoamento ou a anulação do carma. A reencarnação pode ser definida como a ação de encarnar-se sucessivas vezes, ou seja, derivada do conceito aceito por doutrinas religiosas e filosóficas de que, na morte física, a alma não entra num estágio final, mas volta ao ciclo de renascimentos. No Ocidente, Heródoto menciona esta doutrina como sendo de origem egípcia, sendo que nessa concepção a reencarnação se dava instantaneamente após a morte, passando a alma para uma criatura que estava nascendo (que poderia ser da terra, da água ou do ar), percorrendo todas as criaturas em um ciclo de três mil anos.
Reencarnação é o processo pelo qual o espírito, estruturando um corpo físico, retorna, periodicamente, ao polissistema material. Esse processo tem como objetivo, ao propiciar vivência de conhecimentos, auxiliar o espírito reencarnante a evoluir.
Na Bíblia, às vezes, a ressurreição quer dizer reencarnação, até mesmo porque as duas são do espírito e não do corpo. Temos dois corpos: um espiritual e um da natureza, e ressuscita o espiritual (1 Coríntios 15: 45).
Na coluna: “Também no Apocalipse a ideia da reencarnação”, de 15-7-2019, um comentarista confunde a doutrina milenar da reencarnação (palingenesia na Bíblia) com a data da criação dessa palavra, reencarnação, por Kardec. Mas pode ser que ele tenha feito isso de propósito, em defesa de sua descrença nela. Porém, o que diz o tal de comentarista não é desimportante para mim, pois ele me deu chance de explicar com mais detalhes o assunto. Essa palavra palingenesia aparece nos textos gregos bíblicos (Mateus 19: 28; e Tito 3: 5).
A grande maioria da população mundial acredita na reencarnação e apenas nas últimas centenas de anos, com a ascensão das ciências físicas, é que uma visão estritamente materialista começou a eclipsar o espiritual.
O reencarne obedece a um princípio de identidade de frequências, ou seja, o espírito reencarna em um determinado continente, em um determinado país, em uma determinada região desse país, em uma determinada localidade dessa região, com determinadas características culturais (idioma, usos, costumes, valores, tradições, história etc.), bem como em uma determinada família, de acordo com a sintonia que a freqüência do seu pensamento consiga estabelecer em relação a cada um desses elementos.
Ela significa sim reencarnação e não geração, como está nas traduções da Bíblia do grego para o português e outras línguas. Sugerimos, pois, aos queridos leitores desta coluna que consultem os dicionários de português e constatem que, de fato, palingenesia significa reencarnação, retorno à vida, viver de novo, ou ainda novo nascimento do espírito na terra. Ela, a palingenesia, é o tempo em que ocorre a regeneração, mas não a própria regeneração! E lembramos que ela, a palingenesia, tem, em português, a mesma forma do grego e o mesmo som, embora as letras gregas sejam diferentes das do alfabeto português e, também, geralmente o mesmo som. Será que o tal de comentarista, que é erudito, desconhece essa verdade? Tito citado acima diz sobre nossa regeneração: “...isso não por obras em justiça, as quais fizemos nós, mas segundo sua misericórdia salvou a nós durante o lavar ou banho da palingenesia (para Jesus, a cada um será dado segundo suas obras).
Hoje em dia em Scientology, muitas pessoas têm certeza de que já viveram vidas antes da sua vida atual. Estas são referidas como vidas passadas, não como reencarnação. As vidas passadas não são um dogma em Scientology, mas geralmente os Scientologists, durante a sua audição, experimentam uma vida passada, e então, sabem por si próprios que viveram antes. Acreditar que uma pessoa teve uma existência física ou outra antes da identidade do corpo atual não é um conceito novo — mas é conceito que desperta interesse.
O espírito realiza a reencarnação conscientemente, inclusive traçando o seu próprio plano geral para a existência material que está se iniciando. O espírito reencarnante, de acordo com suas limitações, será mais ou menos auxiliado por espíritos com mais conhecimento e com os quais tenha afinidade. No entanto, se não estiver suficientemente equilibrado ou consciente, será orientado no planejamento de sua passagem pelo polissistema material.
O espírito encarnado, fundamentando-se em seu existente (a bagagem de conhecimentos e experiências adquiridos ao longo de toda a sua história, seja encarnado, seja desencarnado), passa a exercitar sua capacidade, a constatar e desenvolver suas potencialidades, enfim, passa a construir seu momento presente e seu momento futuro. Vai enfrentando contradições, dificuldades, obstáculos, facilidades, administrando encontros e desencontros, permanecendo no seu plano geral ou se desviando em função de algumas variáveis do processo, mas sempre de acordo com sua vontade.
A Doutrina Espírita trabalha, atualmente, com a hipótese de que o processo reencarnatório envolve os conceitos de missão, provação, expiação e carma.
A pessoa em desequilíbrio estará sempre em recuperação tanto pela sua reação própria como pela ajuda de outras pessoas (curar, aliviar, consolar; conhecimento técnico, moral e afetivo). O que varia é apenas o tempo necessário para que o equilíbrio seja novamente retomado. É importante frisar que as dificuldades que o espírito encarnado encontra em seu cotidiano muitas vezes não são explicadas pela reencarnação. Reencarnação não explica tudo. Há muitas situações de desequilíbrio causadas em sua encarnação atual.
Em resumo, rencarnação não serve para explicar tragédias e desgraças; não serve para esconder a ignorância, não serve como desculpa ao imobilismo; não serve como consolo para aquelas situações que deveriam ser modificadas e não o são; não serve para destacar o passado e paralisar o presente. Reencarnação é oportunidade de aprendizado, é oportunidade de se aplicar o que se sabe e superar as limitações através de vivências sucessivas no polissistema material. Reencarnação é afirmação da unidade e da continuidade da vida.