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Chico Xavier

Os Olhos do Chico Xavier

Logo de cara, imagine o desespero: seu olho sangra, dói, a visão falha, e a resposta do mundo físico é cruel — “não tem cura”. Chico Xavier passou por isso em 1931, enfrentando um diagnóstico desolador nos primórdios de sua missão mediúnica. Cansado, angustiado e já sob tratamento de um oftalmologista amigo, resolveu pedir uma ajuda muito maior: dirigiu-se ao espírito Emmanuel, seu orientador, quase suplicando por uma cura espiritual.

A resposta veio firme e sem rodeios: “Continue tratando com o médico amigo e sofra com paciência e resignação, porque seu caso não tem cura e não posso fazer nada por você nesse sentido…” Imagina a frustração ao ouvir isso do próprio guia! Mas Chico insistiu: como seguir trabalhando doente, sem esperança? Emmanuel então deu o toque de mestre, com palavras que viraram ensinamento para gerações: “Eu disse que não tem cura, não que não tem tratamento.”

O impacto da lição foi devastador e profundo. Chico compreendeu que a caminhada espiritual não promete facilidades, mas requer paciência, disciplina e, acima de tudo, aceitação ativa diante da dor. Durante décadas, ele tratou religiosamente do olho com o medicamento — e nunca deixou de trabalhar, servir nem de espalhar consolo. O olho doía, sangrava… mas a missão permaneceu intacta.

A história inspira quem se sente paralisado pela dificuldade: Emmanuel mostra que a resignação não é passividade, mas força, responsabilidade diante da prova. Quando tudo parece perdido, resta encontrar tratamento, recomeços, e novas formas de seguir — mesmo que a cura não venha. 

E se fosse você? Se soubesse que algo não tem cura, teria coragem de encontrar sentido e continuar? Talvez, como Chico, descubra que há esperança no tratamento, no cuidado diário, e sobretudo na coragem de não desistir. Porque, no fim, algumas feridas se tornam milagres silenciosos — para quem não aceita se render ao sofrimento.

(Este caso está documentado na obra Momentos com Chico Xavier - Adelino da Silveira)