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Espiritismo

Divaldo e Irmã Dulce

Irmã Dulce cultivava uma profunda amizade com Divaldo Franco. Ela jamais teve preconceitos religiosos. Com frequência, era vista no Centro Espírita Caminho da Redenção, onde participava silenciosamente, sempre com o coração atento às realidades do espírito. Certa vez, com seu jeito simples e cheio de fé, ela perguntou a Divaldo:

— Meu filho, a irmã do “lado de lá” tem mensagem à irmã do lado de cá?

A “irmã do lado de lá” era ninguém menos que Sóror Joanna Angélica de Jesus, abadessa que, em 1822, entregou a própria vida para proteger as monjas do convento invadido em Salvador. Reencarnada como espírito iluminado, tornou-se mentora espiritual de Divaldo, adotando o nome de Joanna de Ângelis.

Com o avanço da enfermidade, Irmã Dulce passou a ser visitada por Divaldo em seu pequeno quarto no hospital. Boa parte do tempo permanecia sentada numa cadeira simples, acompanhada de um balão de oxigênio, e ainda assim, orientava as atividades ao seu redor.

Preocupado, Divaldo ofereceu ajuda:

— A irmã não gostaria que fizéssemos uma campanha para comprarmos uma cama hospitalar para a senhora?

Ela sorriu, com aquele olhar sereno que já carregava séculos de renúncia:

— Não, meu filho. Graças a essa cadeira eu já consegui mais de 20 camas para meus doentes...

As pessoas doavam camas para que ela tivesse mais conforto, mas Irmã Dulce, desapegada e maternal, encaminhava todas ao hospital. Conforto pessoal jamais superava o bem coletivo.

Mesmo nos dias difíceis, mantinha o bom humor que a tornava ainda mais santa entre os vivos. Em uma de suas conversas com Divaldo, disse com leve ironia, rindo com os olhos cansados:

— Quero ver como é que o Senhor Jesus vai se arranjar depois... Chico Xavier está muito doente, eu também, a Madre Teresa de Calcutá, idem... Logo vamos todos embora!

Três almas de luz, três emissários da misericórdia em diferentes terras, mas unidas pela mesma entrega. Divaldo, com lágrimas nos olhos, costumava dizer:
“Chico, Irmã Dulce e Madre Teresa... Sempre foram minha fonte de inspiração. Exemplos que não se apagam.”

E de fato, não se apagam.
Eles apenas retornaram à pátria espiritual — e de lá continuam acendendo luzes aqui.