Ele Tinha Muitos Defeitos, Mas Nunca Deixou O Cavalo Puxar Peso Sozinho Na Subida. Quando Ficou Preso Na Escuridão Após A Morte, Foi O Relincho Do Amigo Que O Guiou Para A Luz. 🐴

Pedro não era santo. Longe disso. Era carroceiro de profissão e rude de natureza. Falava palavrão, brigava no trânsito e não dispensava sua cachaça no fim do dia. Para muitos, Pedro era um "caso perdido".

Mas Pedro tinha uma lei sagrada, escrita a ferro e fogo no coração: ninguém tocava no "Ventania", seu cavalo. Ao contrário de muitos colegas que usavam o chicote, Pedro usava a compaixão. Nas ladeiras íngremes, sob o sol de meio-dia, Pedro descia da carroça. — "O bicho não é máquina", ele resmungava, empurrando a roda pesada junto com o animal, suando lado a lado. Na hora da sede, a primeira água limpa era do Ventania. Pedro bebia depois.

Pedro morreu de repente, numa briga banal. Como não cuidou da própria alma e cultivou vícios, não acordou em um jardim florido. Pedro acordou numa região cinzenta, úmida e fria — o temido Umbral.

Ele tentava caminhar, mas seus pés afundavam numa lama pegajosa, reflexo de seus apegos terrenos. Quanto mais ele se debatia, mais a lama o prendia. O frio cortava a pele. Ele gritou por socorro, mas só ouvia o eco de lamentos. O desespero bateu. Pedro percebeu que estava sozinho com suas imperfeições.

Foi então que o chão tremeu. Não era um terremoto. Era um galope. Um relincho cortou o silêncio daquela escuridão. Um som que o coração de Pedro conhecia de longe.

Uma luz forte rompeu a neblina densa. Uma equipe de socorristas espirituais, vestidos de branco, se aproximava para o resgate. Mas eles não vinham sozinhos. À frente deles, abrindo caminho onde a lama era mais funda, estava o Ventania.

Não o cavalo velho e cansado da Terra. Mas um animal radiante, forte, com o pelo brilhando como ouro. O cavalo se aproximou de Pedro, que estava atolado até a cintura, e baixou o pescoço, oferecendo apoio.

Pedro segurou na crina do amigo e chorou copiosamente: — Ventania? Você veio por mim?

Um dos socorristas, um espírito de luz, sorriu e explicou com ternura: — Pedro, seus erros humanos te trouxeram para esta zona difícil. Você tem muito o que reparar e aprender. — Mas o amor genuíno que você dedicou a este "irmão menor" criou um fio de luz indestrutível. — A gratidão de um animal é pura, Pedro. Ela não julga, não guarda mágoa. Foi a prece silenciosa deste cavalo que serviu de bússola para te encontrarmos aqui embaixo.

Pedro montou no amigo e, guiado pela equipe espiritual, saiu da escuridão rumo ao hospital de recuperação.

Não subestime a caridade feita aos animais. Eles são nossos irmãos menores na escala da evolução. Deus não esquece quem cuida da Sua criação. Quando você protege quem não pode te pagar, nem te agradecer com palavras, você acende uma luz que a escuridão jamais apaga.

A caridade que você faz ao menor, salva o maior.